Em algum momento da História surgiu a
mentalidade machista e preconceituosa, como acontece em algumas culturas, em
relação as mulheres. Estas foram vistas como “impuras”, “sem alma ou razão”, “frágeis”,
“reprodutoras”... E quais foram as mulheres que criaram movimento para combater
o preconceito e lutar pela liberdade feminina no Brasil?
Muitas mulheres brasileiras sofreram (e
sofrem) pela sua dignidade. Todavia, seus ideais em conquistar a liberdade e o direito
à vida, à terra, aos estudos, à participação política foram conquistados com
muita resiliência, isto é, com perseverança e coragem. Muitas tiveram o reconhecimento
perante a sociedade atual depois de séculos, como, por exemplo: Dandara, esposa
de Zumbi dos Palmares (faleceu 1694), que acabou cometendo suicídio para não
voltar presa como escrava. A mãe de Luís Gama, a indígena Clara Camarão (século
XVII), a Luísa Mahin, (falecida em 1882), a Maria Quitéria, que lutou pela
Independência do Brasil (falecida em 1853), a Nísia Floresta, primeira
educadora negra do Brasil (faleceu 1885), a bióloga e política Bertha Lutz,
filha de Adolfo Lutz, lutou pelo direito do voto feminino (faleceu em 1976), a Lélia
Gonzalez, filósofa e antropóloga, co-fundadora do Instituto de pesquisa das
culturas negras do Rio de Janeiro (falecida em 1994), a Therezinha Zerbini,
advogada e ativista dos Direitos Humanos, fundadora do movimento feminista pela
anistia (faleceu em 2015), e tantas pensadoras, que são batalhadoras de nosso
dia a dia como várias Marias e Janaínas .
Infelizmente, o Brasil é o quinto país
no mundo em feminicídio. De acordo com dados do IBGE (2020) durante a pandemia,
35% das mulheres brasileiras tem sofrido violência sexual e psicológica, mesmo
com a existência da Lei Maria da Penha de Nº 11.340/2006. Maria da Penha foi
vítima de violência doméstica. Depois de várias denúncias policiais contra seu
parceiro em várias instâncias judiciais a Lei criada passou a ser proteção e
garantia à vida de muitas companheiras. O direito a um recomeço, longe de seus
desafetos, tenta coibir maus tratos e desrespeito. Para isso, o Disque 180 e as
delegacias da mulher têm sido um meio de amparo e esperança para as vítimas que
denunciam a situação de violência.
A maioria da população brasileira é do
sexo feminino. Conforme o censo do IBGE de 2010, 51,5%, sendo 43,6% brancas e
56,10% que se declaram parda e negra, destacando, 9,7% de mulheres indígenas.
Isso demonstra que, mesmo sendo a maioria no país, a cidadã brasileira, ainda, não
é suficientemente representada e valorizada.
As mulheres brasileiras têm, com efeito,
procurado seu espaço na política. No Congresso Nacional temos, como
representante do povo, 76 deputadas federais, que corresponde a 15% do total de
513 parlamentares e 12 senadoras, entre os 81 senadores, atualmente. Percebe-se
que há, ainda, uma tímida participação feminina nas eleições também das Câmaras
Municipais, mesmo com a Lei 9.504/1997 que estabelece 30% de mulheres nos
partidos políticos. Contudo, na realidade, a participação das mulheres na
política brasileira ainda não é satisfatória. Na última eleição (2018), apenas o
estado do Rio Grande do Norte tem um governante do sexo feminino. Na História
do Brasil, até o presente, só tivemos uma presidente, Dilma Rousseff, que
sofreu com as pressões machistas. Ano que vem teremos novas eleições e
precisamos conscientizarmo-nos da força e da responsabilidade política que
todos nós temos perante a nação.
Sabemos que a educação da mulher tem, em
seu núcleo familiar, uma história conservadora, gerando preconceitos e
discriminação, reproduzindo a mentalidade machista por meio da educação dos
filhos, por várias gerações. Nesse sentido, desde quando a mulher passou a
trabalhar fora percebeu a exploração da mão de obra, o assédio sexual, além da
violência doméstica. Com a força dos movimentos feministas o respeito pelo
“sexo frágil” passou a ser conquistado.
A pensadora francesa Simone de Beauvoir
(1905-1986) afirmou em uma de suas teses: “Não se nasce mulher; torna-se
mulher”, o que tem provocado muitas reflexões e ações em busca da liberdade
feminina. Isso demonstra as construções culturais podem e devem trabalhar pela
igualdade e respeito ao ser hmano. A educação da mulher, embora tímida, reflete
na Educação, bem como em várias esferas sociais. Reconhecer a participação da
mesma nos projetos de políticas públicas, nas universidades, nas manifestações
artísticas e desportivas é necessário para a emancipação da sociedade
brasileira, que busca viver uma democracia plena. Infelizmente, o
“empoderamento” feminino tem incomodado o sexo oposto acostumado,
culturalmente, a ser o poder, tanto no espaço público quanto no privado. A
compreensão dos papeis de ambos os sexos se faz necessária para uma parceria
que, naturalmente, deveria ser para o bem comum.
Que o Dia Internacional da Mulher não
seja apenas um dia de delicadezas estereotipadas como característica do sexo feminino, que, muitas vezes, se
“coisifica” nos comerciais, mas seja
de engajamento nos movimentos de luta pela conscientização de políticas
públicas à dignidade humana. Juntas podemos mais!