terça-feira, 29 de novembro de 2016

Café filosófico na EE João Rodrigues Fernandes





No dia 17 de novembro do corrente ano,o prof. Ricardo da Costa Pires, da EE. João Rodrigues Fernandes, e professores da Unidade escolar, realizou com os alunos da terceira série do ensino médio um Café filosófico, tendo como tema do projeto "Qual a cor do seu preconceito?"








Professores: Alexandre, Ricardo,
Terezinha e Sandra em Café filosófico
na EE João Rodrigues Fernandes. Nov 2016

     Para o evento o professor responsável, Ricardo Pires, convidou os professores de Filosofia Alexandre, da EE. Dom Arthur e da EE Juvenal (Jales), e, Maria Terezinha, da EE Orestes Ferreira de Toledo (em Palmeira D´Oeste) e EE. Oscar Antônio da Costa (em São Francisco), e a professora coordenadora pedagógica da Diretoria de Ensino de Jales-SP, Sandra Regina, que refletiram sobre o racismo não só para os alunos da Unidade escolar EE João Rodrigues Fernandes, mas também, para as terceiras séries da EE. Maria Pereira B. de Benetoli, situadas no município de Auriflama, noroeste paulista.




Café filosófico na EE João Rodrigues Fernandes
Novembro 2016
    
    Após boas vindas e apresentações de todos os presentes, o professor Ricardo iniciou sua fala com dados estatísticos da realidade brasileira quanto a descendência afro em nosso país, como taxa de desemprego, taxa de analfabetismo, de mortes entre os jovens, da população considerada negra no Brasil em geral.





     Logo depois a palavra passou para a professora de Filosofia Maria Terezinha Corrêa que discursou sobre "O racismo, um drama filosófico", citando exemplos de como o racismo está presente no cotidiano. Para a reflexão trouxe autores como Otávio Ianni, Jair Batista e outros, considerando o quanto a resistência e ações afirmativas são reconhecidas e baseadas, após conquistas, por leis que defendem os direitos da população minoritária em nosso Brasil.

    O professor Alexandre fundamentou sua fala em Michel Foucault salientando a questão do biopoder que legitima a hegemonia do Estado sobre os grupos sociais discriminados ao longo de séculos de História da humanidade.

Prof. Terezinha recebendo o certificado
de participação no Café filosófico.
Novembro 2016








Entrega de certificado para o Prof. Alexandre
Novembro de 2016



Alunos da EE João Rodrigues Fernandes
no Café Filosófico em confraternização.
Novembro 2016.
 




















   Depois da exposição houve o momento de confraternização, entrega de certificado e apresentações étnicas nas salas e no pátio, como o Navio negreiro.
   O projeto "Qual a cor do seu preconceito" demonstra que é importante abrir espaço para a conscientização de toda a escola de um modo não folclórico, mas reflexivo criando ações afirmativas na comunidade.








     Neste sentido, a professora Terezinha, também citou livros sobre os quilombos e outros de Antropologia, como O povo brasileiro, de Darci Ribeiro, além de doar à biblioteca da escola uma publicação sobre os ribeirinhos do Amazonas, intitulado "Princesa do Madeira. Os festejos entre populações ribeirinhas de Humaitá-AM", contribuindo, assim, para o enriquecimento pluriétnico de nossa história brasileira.
     Registro aqui meus agradecimento pelo convite em participar de tão nobre ação junto aos estudantes da EE João Rodrigues Fernandes que estiveram de modo exemplar atentos. Parabenizo a toda equipe gestora, professores e funcionários pela recepção.
Doação do livro Princesa do Madeira
para a EE Joao Rodrigues Fernandes
Auriflama-SP. Novembro 2016

Mural étnico racial na EE João Rodrigues
Fernandes em Auriflama-SP. Nov 2016


Porta de entrada para exposição
étnico-racial na EE João Rodrigues
Fernandes, em Auriflama-SP
Novembro 2016


Exposição de boneca africana Abayomi
EE João Rodrigues Fernandes, em Auriflama


Apresentação do Navio negreiro pelos
alunos da EE João Rodrigues Fernandes
Novembro 2016.





terça-feira, 15 de novembro de 2016

Repensando "O drama da república brasileira"

     Já faz alguns anos que tenho me preocupado com a falta de entendimento do povo sobre o que é república. Aqui no interior do estado mais populoso do Brasil, São Paulo, tem "senhorzinho" que diz não entender disso (mesmo sendo funcionário em uma escola pública). E hoje, sendo feriado da Proclamação da República, que aconteceu em 15 de novembro de 1889, voltei a reler um artigo que havia escrito em novembro de 2003, após um ano de minha dissertação de mestrado pela Universidade de São Paulo, em Antropologia - O drama da república brasileira - publicada em um periódico Revés do avesso. Resolvi publicar um trecho aqui para refletir sobre nossa atual conjuntura que tem sido sofrido para nós, brasileiros, conscientes de nossa democracia.
     "[...] Toda história tem sua dramaticidade, um ritual com conteúdo específico. Geralmente, os rituais contém mitos, e foi analisando os mitos que o estruturalismo percebeu 'códigos' que dão significado ao comportamento humano. Esses códigos dão sentido ao presente e ao futuro de um grupo social, relacionando a estrutura como algo universal.
     No Brasil, as festividades, tanto religiosas [...] quanto cívicas (dia da Independência, dia da República, etc) podem ser consideradas códigos que nos permitem entender o 'ethos' de um povo. Desde os tempos monárquicos, as festas proporcionam uma sociabilidade para formar alianças (emq eu a troca é fundamental de um grupo para outro) ou para tomar distância de identidades; de vínculos afetivos ou, também, momento de rememoração, em que 'o passado se irrompe no presente' (cf. BENJAMIN, 1985).
     As festividades são cheias de ambiguidades e metáforas: ora ela são suportes para a criatividade de uma comunidade, ora elas afirmam a perenidade das instituições de poder. (cf. DEL PRIORE, 1994). Por isso, no Brasil, mesmo tendo mudado a forma e o sistema de governo de Império para República, algumas comemorações cívicas monárquicas são mantidas. As festas oficiais relembram o passado para fortalecer a ordem social presente, contribuindo para consagrar, sancionar o regime em vigor, fortificando hierarquias, valores, normas e tabus religiosos, políticos e morais correntes (cf BAKHTIN, 1987). A ênfase heroica é demonstrada pelo 'progresso' que a 'civilização' veio trazer por meio do Estado.
     [...]
     Numa palestra para oficiais do Batalhão de Infantaria e Selva, no interior do estado do Amazonas, em junho de 2001, sobre cultura amazonense, um capitão perguntou-me se aquele povo [amazonense] era capaz de lutar por nossa terra, a nossa pátria. Diante da pergunta republicana, pensei em algumas estratégias antropológicas como resposta. A primeira indicação que lhe foi passada é que a luta pela terra, a princípio, é a da família. Essa é sagrada para a população. Lembremos de Canudos, da Cabanagem... A segunda indicação é que Humaitá, a 'Princesa do Madeira' [cidade onde estava sendo a palestra] surgiu num contexto monárquico em que havia guerras, tanto com o Paraguai como com os indígenas Parintintin, habitantes daquela região.
     A monarquia até hoje impera no imaginário coletivo do brasileiro quando utiliza os termos 'rainha dos baixinhos', 'rei Pelé', 'o rei Roberto Carlos', 'Jesus é nosso Rei' etc. Em tempo, outra indicação dada: o povo brasileiro não foi preparado pra a República. Esta nos foi imposta, segundo nos dizem os próprios livros de História. Eu aprendi o que é pátria, o que é cidadania na escola. E ainda devemos lembrar que as sociedades indígenas, que sempre habitaram nesse território, são nações sem Estado, embora desde fins de 1889 denomina-se República [...], ou seja, um Estado.
      A preocupação com as fronteiras no sentido político-geográficas brasileiras não são de hoje. O governo brasileiro sempre procurou tomar providências com relação a elas, mas a preocupação com a 'situação de fronteira' dita por MARTINS (1997) parece ser nula. Ele afirma que 'situação de fronteira' é 'um lugar do encontro e do desencontro entre grupos, etnias e classes sociais...', e também 'lugar de alteridade, do confronto (...) de destinos, de historicidades desencontradas...'. Por isso,  o lugar das festividades - que geralmente coincide com um marco da 'civilização', do 'progresso' como o lugar da fundação de um município, mas para um outro, o local era utilizado por seus antepassados para a pesca e a caça, conforme registros de várias terras indígenas ou quilombos. [...]
     [...]
    Embora nos tempos de revoltas, no Império, como a Cabanagem, cujo objetivo dos chamados 'caboclos' era de libertação das elites regionais, hoje ainda há a busca pela coisa pública, o estado de direito dos cidadãos brasileiros. A leseira (vista como indolência) passou a ser um estilo de resistência diante daqueles que pensam em dominar sua cultura, afirma SOUZA (19940).
    [...]
    Os detalhes da história são possibilidades que passam a serem vistos como verdadeiras fendas. Fendas essas que segundo BENJAMIN são importantes para revelar 'a história do que foi esquecido', que como em outros grupos liminares estudados, como os boias-frias, por DAWSEY, sintetiza 'o significado da história se encontra não numa estrutura maior, mas em 'certos eventos individuais, marginalizados e aparentemente insignificantes'... os elementos determinantes da condição humana se encontravam 'soterrados em cada momento do presente em forma de pensamentos e criações mais ameaçadas, odiadas e ridicularizadas'. Resta-nos preservar e cantar, não só no ritmo do hino da República, mas também a da escola de samba da Portela: 'Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós...'".(Artigo extraído da Revista Revés ao avesso, ano 12, nº 11 e 12, nov-dez/2003, pp 60-65).
     Que a República Federativa do Brasil se fortaleza na democracia, sendo necessário para isso uma educação que produza a verdadeira consciência cidadã, em que toda a população de fato participe nas decisões de interesse do país e, não apenas a um grupo de eleitos ou de suplentes supostamente eleitos. Que os Poderes sejam realmente representantes do povo, lembrando que a maioria é, ainda, analfabeta e desconhece de seus direitos. Mas, para isso, devemos ser justos ao proclamar que a soberania é de todos e não somente de alguns que entram no poder e a tomam para si. Fiquemos atentos as PECs a serem votadas e cobremos as conquistas feitas que, ainda não foram cumpridas.
    

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Filósofos-vivos no XVII Encontro Nacional da ANPOF em Aracaju

Catálogo da programa do XVII
Encontro Nacional de Pós-graduação
de Filosofia - Outubro 2016

     A cidade de Aracaju, capital do estado de Sergipe, nos dias 17 a 21 de outubro do corrente ano, sediou o XVII Encontro Nacional da ANPOF (Associação Nacional Pós-graduação de Filosofia) e o III ANPOF Ensino médio (para professores de lecionam Filosofia no ensino médio), na Universidade Federal de Sergipe (UFS), tendo como objetivo apresentação de trabalhos contemporâneos pelos diversos pensadores brasileiros.
Apresentação de dança renascentista
na abertura do XVII  Encontro Nacional
da ANPOF na UFS. Outubro 2016.

            
Mesa com autoridades na abertura
do XVII Encontro Nacional da ANPOF.
UFS, Aracaju-SE, Outubro 2016
























     Durante a semana da ANPOF houve vários estudos sobre temáticas filosóficas desde os clássicos até as questões contemporâneas, apresentadas em conferências, mesas redondas, GTs (Grupos de trabalhos), minicursos, sessão temática coordenadas por diversos pensadores brasileiros como os professores doutores: Renato Janine, Marilena Chauí (ambos da USP), Paula Ramos (UFSCar), Edgar Lyra (PUC-Rio), Junot (UFPE) entre outros, tendo mais de dois mil participantes inscritos.

Conferência com o filósofo Renato Janine (USP)
na UFS, XVII Encontro Nacional da ANPOF
Outubro 2016.


Filósofos brasileiros participantes do XVII
Encontro Nacional da ANPOF, na UFS.
 Outubro 2016.

Filósofa Marilena Chauí (USP) com a
professora Terezinha, durante o XVII
Encontro Nacional da ANPOF. Out 2016.


Filósofos em minicurso durante o XVII
Encontro Nacional da ANPOF. Out 2016.







   
Filósofo Junot Matos (UFPE) em minicurso
Do Ensino à ensinagem para III Encontro da
ANPOF Ensino médio. Out 2016.
     Além dos trabalhos apresentados e discussão sobre temáticas reflexivas da experiência humana ao longo do Encontro Nacional da ANPOF houve, também, eventos culturais tais como: lançamentos de livros filosóficos e apresentação de grupo folclóricos.
Coquetel e lançamento de livros filosóficos
no Museu sergipano, Aracaju-SE, 2016

Filósofo Marcelo Primo UFS e seu livro
sobre Ateísmo. Outubro 2016.


Filósofo Jerry Adriano e seu
livro Filosofia no ensino médio.
Outubro 2016.


Filósofa Reilta (RGN) e seu livro sobre
Filosofia para crianças com Profa. de Filosofia
Terezinha e seu livro. UFS, Outubro 2016

     O III Encontro da ANPOF Ensino médio foi mediado por filósofos da UFRGS, PUC-Rio, UFPR dentre outros, cujo objetivo foi refletir sobre o ensino de Filosofia nas várias escolas públicas. Houve apresentação de trabalhos, troca de experiências sobre recursos didáticos e momentos de confraternização,  o que enriqueceu tanto intelectual quanto profissional cada um dos participantes.
Mesa coordenadora do III Encontro Nacional
 da ANPOF Ensino médio. Outubro 2016

Professores José (RGN) e Marta (USP)
junto com Profa. Terezinha, UFS, Out. 2016

Professores de Filosofia na UFS, durante
III Encontro Nacional da ANPOF EM.
Outubro 2016.






















     Apesar da discussão nacional da disciplina de Filosofia no currículo do ensino médio, os filósofos estão mais vivos do que nunca, ocupando as cadeiras acadêmicas e as vagas nas escolas públicas e privadas do nosso Brasil, contribuindo, assim, para a formação ética e cidadã dos jovens brasileiros.
     Para quem quer conhecer a Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia entre no site da entidade http://www.anpof.org.br.




























De volta ao Filosofia em ação. Pensar bem para bem viver

         Axé! Karen! Olá! Desejo a todas e a todos e todes muita saúde.      Infelizmente, durante a pandemia muita/os companheira/os brasil...