Dia
primeiro de outubro iniciamos o mês com o dia nacional do Idoso, que no Brasil passou a
vigorar o Estatuto do Idoso, Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003.
Por
estarmos ainda no mês que se destaca várias homenagens como do professor, do médico, do aviador e tantos outros, devemos lembrar que não se
restringe somente ao décimo mês do ano. Por isso, pensar nas comemorações é importante, mas temos que nos preocupar, também com uma camada da sociedade
que tem enfrentado uma situação muito constrangedora de humilhação social e de
etarismo, a pessoa idosa.
O
que é “etarismo”? Segundo a Sociedade de Geriatria e Gerontologia, “é o
preconceito contra os idosos referente à saúde, a capacidade e empenho, idade,
fragilidade”. Estereótipos como: “não conseguem fazer nada; que não contribuem
com a sociedade, que são o ônus para a economia” etc temos ouvido, muitas
vezes, principalmente neste tempo de pandemia, em se chegou a dizer na mídia
que entre salvar a vida de alguém que estiver no hospital com Covid 19, salve o
mais novo. Além dos planos de saúde cobrando mensalidades altíssimas, quanto mais
avançada a idade da pessoa.
Outro
dia, uma senhora, de 92 anos, queixando-se para um funcionário de um
determinado banco financeiro, disse que morrem mais jovens do que idosos, por
que, então, os mais velhos não podem financiar um apartamento? (no caso, quando
ela tinha 80 anos).
Esse
tipo de preconceito deixa muita pessoa idosa, ainda lúcida de suas faculdades
mentais, indignadas e constrangidas. Logo, para combater o etarismo, precisamos
informar às famílias e aos próprios idosos sobre seus direitos, erradicando,
assim, a humilhação social que muitos têm passado. E o que é humilhação social?
De
acordo com o psicólogo José Moura Gonçalves Filho, do Instituto de Psicologia
da Universidade de São Paulo, humilhação social “é um sentimento de desigualdade;
consiste numa angústia causada por um impacto traumático que se sofre quando
alguém o despreza”. Podemos, portanto, considerar uma tortura invisível, quando
é violência psicológica, pela maneira de se falar com a pessoa idosa. Além da violência física, há também a violência financeira e a violência afetiva. Denuncie ao Conselho Estadual do Idoso ou Conselho Municipal do Idoso de seu município ou à Comissão dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa, que costuma ter nas Assembleias Legislativas de seu Estado, caso haja abusos por parte da família ou mesmo de Casas de repouso, muitas clandestinas. Há muitas pessoas idosas sofrendo caladas, sem quem as defenda. A delegacia da mulher também é para atender denúncia em relação aos idosos.
A situação da pessoa idosa pelo Brasil
Somos
211 milhões de habitantes no país, destes temos 28 milhões de pessoas idosas, o
que representa 13% da população, conforme o IBGE de 2020. Em 2031 há uma
previsão de 43 milhões. A maioria é de baixa renda e tem baixa escolaridade. Os
tipos de idosos são variados: urbanos, rurais, aposentados, profissionais,
desempregados, os que moram pelas ruas.
De
acordo com a antropóloga Guita G. Debert (UNICAMP) a categoria idoso é uma “construção
social”. Essa construção discutida por diversos autores retrata o papel do
idoso na sociedade antes e depois da Revolução industrial, na cultura Ocidental
e nas sociedades milenares, o que varia de uma sociedade para outra.
No
entanto, alguns filósofos podem auxiliar com suas reflexões. Por exemplo, Cícero
(I a.C), filósofo romano, escreve sobre a velhice com otimismo e coragem aconselhando
a refutar quatro aspectos indesejados que costumam rondar o imaginário dos
anciãos: 1) o impedimento das atividades; 2) debilitação do corpo; 3) afastamento
dos prazeres e 4) que está à beira da morte.
Outro
filósofo, Sêneca (65 d. C.), chama a atenção para a brevidade da vida,
recomenda empregar o tempo da melhor maneira, na prática do bem e das virtudes,
pois é a única coisa que levamos desta vida.
Com
as mudanças culturais, no século XX, a filósofa francesa Simone de Beauvoir ao
dedicar-se sobre o assunto divide em dois momentos a questão: a visão de fora, o da sociedade e a visão de dentro, a do próprio idoso. A vida através dos olhos
dos próprios idosos, seja pobre ou rico, apresenta seus sentimentos como
jovens. Por isso, respeitar os sonhos dos bisavós, avós, tias e tios, demais
pessoas de idade avançada é uma forma de ter respeito.
O
fato de uma pessoa idosa morar ou querer viver, na sua casa ou apartamento,
sozinha, não quer dizer que ela é abandonada. Devemos diferenciar o idoso
abandonado, do idoso independente e daquele que é solitário. Para isso é
importante a presença da Pastoral da Pessoa Idoso (PPI), que tem como objetivo
ouvir e levar uma palavra de consolo ao outro através de uma visita a esses que nem sempre têm os seus para conversar um pouco ou dar um telefonema.
Seja
voluntário em seu condomínio, ou bairro, ou inscreva-se na Pastoral da Pessoa Idosa de uma paróquia ou faça parte do Conselho Municipal do Idoso de seu município. Procure prestar um serviço às pessoas idosas que tanto fizeram pelo nosso país. Esse compromisso social deixará muitas pessoas idosas
felizes. É mais um serviço voluntário às famílias que carecem da presença do
Estado para orientar em suas necessidades.
Leia o Estatuto do Idoso e procure divulgar para que todos tenham uma velhice plena de realizações.
Um comentário:
Julgar pessoas idosas dizendo que elas não são úteis ou que são um peso para a sociedade, é horrível! Ninguém merece isso. Por que ao invés das pessoas terem esse tipo de atitude, ou fazer comentários, ofensas, elas não aproveitam para aprender com as pessoas mais velhas e dar a eles amor, carinho, ou cuidado? Tenho certeza que nossos velhinhos ficariam imensamente felizes e gratos.
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