quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

De volta ao Filosofia em ação. Pensar bem para bem viver

         Axé! Karen! Olá! Desejo a todas e a todos e todes muita saúde.

     Infelizmente, durante a pandemia muita/os companheira/os brasileira/os se foram. Os desafios foram (e tem sido) enormes para toda/os nós. Mas, felizmente, graças aos cientistas que conseguiram combater o Covid 19 através de vacina, estamos celebrando a vida, embora os desafios ainda existam, pois há muitas variantes no ar.

     De volta ao "Filosofia em ação. Pensar bem para bem viver" continuaremos com o objetivo de apresentar atividades reflexivas do ensino de Filosofia, feitas pelos estudantes dos anos finais das escolas municipais de São José/SC, onde tenho trabalhado de uns anos para cá.

       Nas escolas públicas do município de Santa Catarina o ensino de filosofia faz parte do currículo dos anos finais do ensino fundamental como componente disciplinar, desde a década de 2000. Embora seja apenas uma aula por semana aproveitamos bem esse momento para conhecer o que é aprender, o que é pensar, como foram criados os conceitos, que mundo queremos construir.

        

                               Turma do EJA da EBM Vereadora Albertina K. Maciel,
                                                           novembro de 2021


                                               Cartaz confeccionado pela turma da EJA da 
                                EBM Vereadora Albertina K. Maciel, em novembro de 2021.

       Em 2020, a partir de 19  março, a/os professora/es foram obrigada/os a trabalharem de modo online. Toda semana, as aulas eram planejadas e enviadas para os estudantes via sistema "Educar Web" e impresso para os de família que não tinham acesso a internet.

      Com o retorno das aulas de modo híbrido, em 2021, outros desafios foram surgindo. A máscara passou a fazer parte do uniforme tanto dos professores quanto dos estudantes, além da equipe pedagógica e funcionários. O álcool 70%, também. As reflexões filosóficas permitiram pensar em como ser solidário com os mais idosos, principalmente avós, que passariam a ter contato com suas/seus neta/os fora de casa.  O respeito em sala de aula, no pátio, nos corredores, enfim, cada um cuidando de todos e todos cuidando de um.

       O problema foi como administrar o tempo para atender a todos no presencial e também no online. Foi bem desgastante, e, ainda, ter que ouvir algumas autoridades dizer na mídia, que os professores não trabalharam durante a pandemia. Se o tempo pedagógico é um desafio em aula de quarenta e cinco imagine (tempo Cronos) e o tempo filosófico (tempo kairós) que é necessário para o intelecto serenar e raciocinar. Então, filosofar desde a infância é importante, para que o adulto seja melhor, como dizia Pitágoras, filósofo grego: "Ensinai as crianças para que não seja necessário punir os adultos".

       Nesse sentido, o blog Filosofia em ação passará a compartilhar alguns temas refletidos durante as aulas do currículo dos anos finais, ou seja, de 6º ao 9º anos como forma de constatar que Educação de qualidade se faz a partir da reflexão em ação. 
     


       


quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Reflexões sobre política e a politicagem no Brasil

     Neste ano de 2022, nós, brasileiros, estamos vivenciando um período de eleições no mês de outubro, para escolher os representantes do Poder Legislativo (que são os deputados estaduais, federais e senadores) e quem vai ocupar o Poder Executivo para operacionar os projetos previstos em Lei para a melhoria da população. No entanto, muitos indivíduos dizem não gostar de política, e, por isso, não votam em ninguém.

    Infelizmente, ainda temos brasileiros que não entendem a importância da política ou do exercício da cidadania na sociedade, deixando-se levar pela mídia ou por opiniões sem fundamentos. Assim, essa reflexão sobre política e politicagem que acontece no nosso país busca refletir o que é política no sentido correto. 

     Sabemos que no tempo da Grécia Antiga, só era permitido ser cidadão alguns homens de posse. Esses podiam participar nas tomadas de decisões das Pólis. Daí, a origem da palavra "Política" que vem de duas palavras gregas: "Pólis" + "Ethos" = "Politikós", que significa "conduta da cidade", "comunidade dos cidadãos". Com a chegada dos portugueses e espanhóis em terras brasileiras a influência dessa palavra passou a fazer parte do nosso vocabulário. Alguns exemplos como: Fernandópolis, Florianópolis, Petrópolis, Rondonópolis e outras tantas no Brasil. 

    Com a hegemonia do Império Romano, a palavra "política" passou a ser substituída pelo latim "Civitas", o que quer dizer "cidadania". Portanto, as palavras "política" e "cidadania", em suas origens equivalem a mesma coisa. Ora, sendo assim, como têm indivíduos que ainda teimam em dizer que não gostam de política, mas exigem direitos sem pensar que uma coisa é consequência da outra?

    O pensador grego Aristóteles (IV a. C) definiu política como a Ciência de bem governar, o que significa dizer administrar os conflitos e as necessidades para o bem comum; diz respeito aos cidadãos e ao governo de uma cidade. Neste sentido, no regime democrático, os cidadãos participam e tomam decisões nos negócios públicos por meio do voto. No Brasil, cidadão a partir dos dezesseis anos podem exercer esse ato político. Infelizmente, muitos indivíduos brasileiros confundem "política" com "politicagem" e votam com a barriga.

    Politicagem, segundo ao Dicionário do Aurélio, significa "política mesquinha, de interesses pessoais, desonesta." Por exemplo, quando alguém diz que troca o voto por um saco de cimento ou por uma cesta básica, está fazendo politicagem e corrompendo com a política. Esse indivíduo não está preocupado com o bem comum, mas, sim, com sua sobrevivência. É desse ato de corrupção, trocar o voto por um favor que cresce os políticos vigaristas, corruptos, bandidos de gravata. O cidadão deve ser ético, pois a virtude é fundamental para combater a corrupção em um governo republicano.

    A filósofa Hannah Arendt (1906-1975) em sua obra A condição humana trata de três atividades humanas que denominou de "Vita activa" que são: o labor, o trabalho e a ação. Cada uma dessas condições reflete o nível dos indivíduos em sua vida terrena. O labor é a mais primária, onde a necessidade do ser humano está em questão. A partir dessa reflexão podemos perceber que a desigualdade social em que vive a sociedade brasileira, faz com que uma camada da população seja presa fácil dos corruptos que se aproveitam da situação dos menos favorecidos. O indivíduo no estado de labor "é a atividade que corresponde ao processo biológico do corpo humano, cujos crescimento espontâneo, metabolismo e eventual declínio têm a ver com as necessidades vitais." Nesse estado, as pessoas vivem como os outros seres vivos, apenas preocupados em sobreviver e, por isso, acabam vendendo-se trocando seu voto por algo que lhe interessa de imediato.

    Ser cidadão é cumprir com suas responsabilidades perante o Estado, na cidade (pólis) em que vive, e, assim, garantir os direitos. O governo cobra tributos para atender as necessidade a população. No entanto, devemos fiscalizar para onde as verbas estão sendo empregadas. Por isso, saber as dimensões da política: territorial (diz respeito ao espaço que vivemos), social (refere-se à saúde, à educação, ao transporte etc), econômica (corresponde à produção, ao tipo de trabalho), ideológica (quais ideias - capitalista ou socialista - deve nortear o Estado), além da partidária (que são os grupos representantes das categorias sociais). Essa "ação" é a atividade mais evoluída da condição humana para não ficar somente na condição de natureza.

    Portante, a consciência cidadã é importante para que a política seja ética, transparente e justa. Todo ato cidadão é um ato político. O indivíduo participa, vota consciente, acompanha os representante do povo que são eleitos e reivindica postura justas para todos. Daí, a necessidade de debates para se conhecer os projetos de lei que são apresentados em plenárias, tanto nas Câmaras municipais quando nas Assembleia Legislativas e Congresso Nacional. Pode-se participar por e-mails, pelas redes sociais, canais de tevês ou presencialmente, bem como deve-se denunciar atos arbitrários à democracia.

    Segundo Aristóteles, em sua obra A Política, afirma que "o ser humano é um animal racional, social e político". Percebeu que fazer política exige convencimento, saber falar, pois o ser humano é o único animal que tem como característica a capacidade de distinguir o justo do injusto, o certo do errado, o bem do mal. Todavia, no Brasil, desde o período colonial, a politicagem tem gerado vários tipos de violência por meio da linguagem, da economia, do silêncio histórico para apagar memórias culturais e, atualmente, através da tecnologia informatizada, utilizando robôs.

    Nosso desafio como brasileiros é buscar livrar-se da politicagem, do egoísmo social. É necessário abordar a diversidade, exercer o poder popular através do voto consciente, para construirmos uma sociedade tolerante, justa e igualitária, onde, de fato, possamos gozar dos direitos, sem violência e viver o Poder a favor da vida.

     Ser cidadão é ser político, é participar consciente dos deveres e garantir a vida para todos.



domingo, 13 de março de 2022

Mulher brasileira em primeiro lugar

 

Mulher brasileira em primeiro lugar

 

Filósofas no Encontro da ANPOF na UFES, 2018.

          Refletindo o dia internacional da mulher podemos perceber que a música sempre exaltou a mulher em prosas e versos, como a música de Benito Di Paula, lembra: “Agora chegou a vez, vou cantar/ Mulher brasileira em primeiro lugar/ Diz rapaziada/ Agora chegou a vez, vou cantar/ Mulher brasileira em primeiro lugar [...] Norte a sul/ Do meu Brasil/ Caminha sambando/ Quem não viu/ Mulher de verdade/ Sim senhor/ Mulher brasileira é feita de amor.” ? Mas, como o Brasil é o quinto país do mundo em feminicídio?

A cada minuto temos notícias de violência doméstica, tanto física e psicológica quanto patrimonial em algum canto do país. Na maioria das vezes, não há aceitação do término de um relacionamento significando que o outro é visto como propriedade privada, rejeitando a ideia de liberdade das mulheres e suas conquistas. Trabalhar fora de casa, dirigir um carro ou uma empresa é, ainda, visto coisa para homem.

 

Infelizmente, ainda existem muitos homens com uma mentalidade machista, achando que mulher deve só servir ao homem, seja o pai ou o marido, cuidar das tarefas domésticas e das crianças. Durante a Copa do Mundo, na Rússia, um advogado foi advertido por mexer com jovens do local. Outro mal exemplo foi de um médico brasileiro, fazendo turismo no Egito fez comentários maldosos à uma comerciante. Recentemente,  um deputado estadual de São Paulo foi para a Ucrânia, com uma proposta humanitária, durante a Guerra, postou em suas redes um comentário que “as ucranianas são fáceis porque são pobres”, comparando a fila de refugiadas com fila de baladas no Brasil. A partir desses fatos, que se pode demonstrar como o machismo ainda está fortemente presente no sexo oposto.

 

A filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1986) que escreveu sobre a condição da mulher na sociedade no início do século XX, afirmou em sua obra O segundo sexo (1949) que “ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher”. Neste sentido, a questão do ser mulher não é uma questão biológica, é uma questão cultural ao longo da História de um povo. À medida que a mulher conquista seu espaço cresce seu reconhecimento. Vemos muitas mulheres batalhando no trabalho, criando os filhos, dedicando-se à família, arrumando tempo para estudar e dedicar-se à solidariedade. Temos cientistas de renome, exemplos de várias “guerreiras” no anonimato, seja elas negras, indígenas, brancas, estrangeiras, de vários credos religiosos.

 

A questão de gênero (masculino/feminino) é vivida por homens e mulheres independente da visão biológica, mas, sim, determinada época e lugar. O corpo é construído culturalmente. Assim sendo, o corpo da mulher, em nossa sociedade, foi “coisificado”, ou seja, passou a ser visto como uma mercadoria, uma “coisa”, basta observar as propagandas, daí muitos homens tratarem o sexo feminino como “objeto” ou uma “propriedade”.

 

Neste século XXI, muitas mulheres têm ocupado muitos espaços, mas, ainda, precisamos de mulheres ocupando os espaços políticos como as Câmaras Municipais e o Congresso Nacional, departamentos científico-acadêmico, além de empresas etc.

 

Procuremos educar as gerações com sabedoria e despertar para a importância de sermos tratadas como seres humanos e não como coisa mercadológica. Há muito trabalho a ser realizado na área da educação, tanto familiar quanto escolar. Aproveitemos a Campanha da Fraternidade, que reflete sobre não condenarmos a mulher atirando pedras, como faziam os fariseus, mas dando oportunidades, gerando vida.

 

Mulheres, uni-vos!

 

 

 

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Liberdade e negritude

 

 

Desde que o Brasil era colônia de Portugal a liberdade sempre foi desejada. Muitos deram suas vidas pela causa do livre acesso à política, à economia, à religião e demais dimensões da vida social, basta rever os motivos das rebeliões que insurgiram em nossa História e ver líderes populares que foram perseguidos e assassinados.

Infelizmente, no dia 13 de maio não há o que comemorar em relação a abolição da escravatura, no Brasil. Durante esta pandemia percebemos, no mundo, o quanto devemos erradicar o racismo e outras questões sobre a existência humana a ser pensada e combatida com seriedade. Outro tema urgente a ser pensado é a desigualdade social. Somos os únicos animais que discriminamos os próprios semelhantes, causando violência física, psicológica e ideológica.

Como pensar em abolição da escravatura se, ainda, existe trabalho escravo no Brasil?  Como ser livre, se há mentes aprisionadas em ideias retrógradas à aparências? Se há preconceitos com as mulheres, com os homens e as crianças negras?

Em 2013, surgiu, nos Estados Unidos, o movimento “Vidas negras importam”, fundado pelas ativistas negras Alicia Garza, Patrisse Cullors e Opaal Tometi reivindica o direito à vida, à saúde, ao trabalho, enfim, à dignidade humana para todos, mas principalmente para os negros e descendentes.

No Brasil, às vésperas do Dia da Consciência Negra, em novembro do ano passado, João Alberto Silveira Freitas, negro, foi assassinado por seguranças que o espancaram em loja do Carrefour na cidade de Porto Alegre. Triste e trágica simbologia da realidade da população em nosso país, que também, a cada dia tem sofrido com o racismo estrutural.

Neste sentido, devemos educar crianças e jovens para o respeito às diferenças, a tolerância, à solidariedade, conforme estabelece a Lei de Nº 10.639 e 11.645 promulgada pelo Conselho nacional de Promoção da Igualdade Racial, o Estatuto da Igualdade Racial, as cotas nas universidades públicas e no serviço público federal, implantando no currículo escolar o ensino da história e da cultura da África, dos afrodescendentes e dos ameríndios.

O caso ocorrido com o cidadão George Floyd, nos Estados Unidos, em 25 de maio de 2020 e os vários casos de assassinatos de negros que tem acontecido no Brasil e no mundo clama por justiça. Todo ser humano quer respirar a paz, independente da cor, do sexo, da religião, da etnia, da opinião política.  

Em nossa Constituição Federal de 1988 estabelece no Artigo 5º inciso XLII “A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei” como forma de se garantir o respeito pelo outro. No entanto, a luta antirracista e a onda de violência contra a pessoa negra, ainda, persiste em todo mundo.

Defender a liberdade para todos é defender a emancipação do indivíduo, responsabilizando-o para assumir seus atos e fracassos, bem como as vitórias. Nesse sentido a educação é fundamental para o exercício pleno da cidadania em nossa sociedade.

O mito da democracia racial no Brasil é um conceito que tenta negar a existência do racismo em nosso país, camuflando a discriminação e o preconceito racial. Ao examinarmos as diferenças sociais entre negros e brancos, bem como do desenvolvimento histórico brasileiro, verifica-se a verdadeira natureza social, cultura e política, ameaçadora para os negros.

 Nascer com a “mancha mongólica” na região lombar é a marca genética de que somos sim, afrodescendente ou ameríndio. A ideologia que “brancos e negros são iguais” neste país é um engodo. Há muito que fazer, esclarecer, refletir para que sejamos uma Nação de igualdade e diferenças.

 

Muito axé (força) para todos!  Lutemos pela justiça! Liberdade não tem cor!


Museu Hombre, em La Coruna, Espanha. Dez. 2015.

 

 

segunda-feira, 8 de março de 2021

A luta das mulheres brasileiras e a democracia

 

Em algum momento da História surgiu a mentalidade machista e preconceituosa, como acontece em algumas culturas, em relação as mulheres. Estas foram vistas como “impuras”, “sem alma ou razão”, “frágeis”, “reprodutoras”... E quais foram as mulheres que criaram movimento para combater o preconceito e lutar pela liberdade feminina no Brasil?

 Muitas mulheres brasileiras sofreram (e sofrem) pela sua dignidade. Todavia, seus ideais em conquistar a liberdade e o direito à vida, à terra, aos estudos, à participação política foram conquistados com muita resiliência, isto é, com perseverança e coragem. Muitas tiveram o reconhecimento perante a sociedade atual depois de séculos, como, por exemplo: Dandara, esposa de Zumbi dos Palmares (faleceu 1694), que acabou cometendo suicídio para não voltar presa como escrava. A mãe de Luís Gama, a indígena Clara Camarão (século XVII), a Luísa Mahin, (falecida em 1882), a Maria Quitéria, que lutou pela Independência do Brasil (falecida em 1853), a Nísia Floresta, primeira educadora negra do Brasil (faleceu 1885), a bióloga e política Bertha Lutz, filha de Adolfo Lutz, lutou pelo direito do voto feminino (faleceu em 1976), a Lélia Gonzalez, filósofa e antropóloga, co-fundadora do Instituto de pesquisa das culturas negras do Rio de Janeiro (falecida em 1994), a Therezinha Zerbini, advogada e ativista dos Direitos Humanos, fundadora do movimento feminista pela anistia (faleceu em 2015), e tantas pensadoras, que são batalhadoras de nosso dia a dia como várias Marias e Janaínas .

 


Infelizmente, o Brasil é o quinto país no mundo em feminicídio. De acordo com dados do IBGE (2020) durante a pandemia, 35% das mulheres brasileiras tem sofrido violência sexual e psicológica, mesmo com a existência da Lei Maria da Penha de Nº 11.340/2006. Maria da Penha foi vítima de violência doméstica. Depois de várias denúncias policiais contra seu parceiro em várias instâncias judiciais a Lei criada passou a ser proteção e garantia à vida de muitas companheiras. O direito a um recomeço, longe de seus desafetos, tenta coibir maus tratos e desrespeito. Para isso, o Disque 180 e as delegacias da mulher têm sido um meio de amparo e esperança para as vítimas que denunciam a situação de violência.

 A maioria da população brasileira é do sexo feminino. Conforme o censo do IBGE de 2010, 51,5%, sendo 43,6% brancas e 56,10% que se declaram parda e negra, destacando, 9,7% de mulheres indígenas. Isso demonstra que, mesmo sendo a maioria no país, a cidadã brasileira, ainda, não é suficientemente representada e valorizada.

 As mulheres brasileiras têm, com efeito, procurado seu espaço na política. No Congresso Nacional temos, como representante do povo, 76 deputadas federais, que corresponde a 15% do total de 513 parlamentares e 12 senadoras, entre os 81 senadores, atualmente. Percebe-se que há, ainda, uma tímida participação feminina nas eleições também das Câmaras Municipais, mesmo com a Lei 9.504/1997 que estabelece 30% de mulheres nos partidos políticos. Contudo, na realidade, a participação das mulheres na política brasileira ainda não é satisfatória. Na última eleição (2018), apenas o estado do Rio Grande do Norte tem um governante do sexo feminino. Na História do Brasil, até o presente, só tivemos uma presidente, Dilma Rousseff, que sofreu com as pressões machistas. Ano que vem teremos novas eleições e precisamos conscientizarmo-nos da força e da responsabilidade política que todos nós temos perante a nação.

 Sabemos que a educação da mulher tem, em seu núcleo familiar, uma história conservadora, gerando preconceitos e discriminação, reproduzindo a mentalidade machista por meio da educação dos filhos, por várias gerações. Nesse sentido, desde quando a mulher passou a trabalhar fora percebeu a exploração da mão de obra, o assédio sexual, além da violência doméstica. Com a força dos movimentos feministas o respeito pelo “sexo frágil” passou a ser conquistado.

 A pensadora francesa Simone de Beauvoir (1905-1986) afirmou em uma de suas teses: “Não se nasce mulher; torna-se mulher”, o que tem provocado muitas reflexões e ações em busca da liberdade feminina. Isso demonstra as construções culturais podem e devem trabalhar pela igualdade e respeito ao ser hmano. A educação da mulher, embora tímida, reflete na Educação, bem como em várias esferas sociais. Reconhecer a participação da mesma nos projetos de políticas públicas, nas universidades, nas manifestações artísticas e desportivas é necessário para a emancipação da sociedade brasileira, que busca viver uma democracia plena. Infelizmente, o “empoderamento” feminino tem incomodado o sexo oposto acostumado, culturalmente, a ser o poder, tanto no espaço público quanto no privado. A compreensão dos papeis de ambos os sexos se faz necessária para uma parceria que, naturalmente, deveria ser para o bem comum.

 Que o Dia Internacional da Mulher não seja apenas um dia de delicadezas estereotipadas como característica do sexo feminino, que, muitas vezes, se “coisifica” nos comerciais, mas seja de engajamento nos movimentos de luta pela conscientização de políticas públicas à dignidade humana. Juntas podemos mais!

 

 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Direitos humanos, ética e vacina

 

👐👐

  Houve época em que não existia “Carteira de vacinação” e muitos brasileiros não tinham acesso à saúde como, também, não tinham moradia digna. No entanto, há 72 anos que todos têm direitos à educação, à saúde, à liberdade, à segurança, graças a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948. Com as pandemias e estudos, cada vez mais avançados da medicina e da tecnologia, a situação das populações no mundo foi mudando. Nesse sentido, a Ciência deve sempre seguir a ética para preservar vidas. 

Até meados do século XX não existia, para homens comuns, e muito menos, para as mulheres, direitos. Eles foram conquistados durante muitos séculos, após muitas reflexões de pensadores que, desde a Grécia Antiga, passaram a dar sinais de humanidade para a política pública, visando o povo como um todo, principalmente,  a partir do século XVIII. De lá para cá, novas conquistas, além do direito político surgem os direitos civis e os sociais. A cidadania passa a ser exercida por milhares de indivíduos, à medida que, a garantia das liberdades individuais de ir e vir, de eleger seus representantes, organizar-se em partidos, a construção de uma vida digna como acesso à educação, à saúde, à cultura, ao lazer e à moradia vai aumentando a qualidade de vida. Ter carteira de vacinação não é privilégio, mas uma questão ética, pois ao proteger a si está protegendo o outro.

Infelizmente, em muitos lugares do Brasil e do planeta nem todas as pessoas gozam desses direitos. As desigualdades sociais, as injustiças, as guerras, resumindo, a ambição e ganância pelo poder causam esses infortúnios. E para combater as barbaridades que aconteciam no mundo a ONU busca cumprir os trinta artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) com o objetivo de proporcionar o diálogo e impedir conflitos entre os países por questões econômicas, políticas ou culturais. Garantir a vida, a liberdade e o reconhecimento à pluralidade, o respeito mútuo. 

 Mas, por que ainda, no Brasil, há tantas desigualdades? Há falta de profissionais da saúde, há falta de equipamentos médicos, de hospitais, de saneamento básico?  Milhões de pessoas passam fome? E, vemos casos de falta de oxigênio, como em Manaus, acontecer no país? A Declaração Universal dos Direitos Humanos deve ser um compromisso, em que pessoas não devem ser discriminadas e nem sofrer preconceitos. Toda tortura é uma violência e deve ser erradicada de nossa sociedade, bem como em outros países. A maioria dos brasileiros desconhece, ainda, os artigos da DUDH, o que, infelizmente, mantém muitas injustiças e violações quanto aos direitos de crianças e idosos, por exemplo. Procuremos conhecer cada um dos artigos e denunciar quando não são cumpridas pelas autoridades ou cidadãos.

Graças a Ciência e ao bom senso o Direito à vacinação será contemplada para todos “sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”, conforme Artigo II. Cabe a cada um de nós, bem como toda a sociedade ter a consciência de fazer valer esse compromisso ético.

 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

A imortalidade da alma e nossos antepassados

 

Neste ano de 2020, com a pandemia, milhões de pessoas no mundo partiram por causa do Covid 19, uns, com idade avançada, outros ainda jovens, além dos que se foram por causa de outras doenças, ou por causa da violência na sociedade ou por motivos diversos. Não sabemos a hora que vamos. Mas, um dia acontece. Pode ser a qualquer momento. Muitos acreditam que somente na velhice se deve pensar no assunto. Porém, o tempo não nos pertence. E por isso, cada instante deve ser vivido com intensidade no bem, na prática da virtude.

  

 Dia dois de novembro. Dia de finados. Para os que acreditam em vida após a morte, costumam prestar homenagem aos seus antepassados. “Finados”, “falecidos”, “desencarnados”, “espírito”, “alma”, enfim, os entes queridos que se foram desta vida para outra tornam-se presentes em nossas memórias.

Todos geralmente têm algum parente, vizinho ou amigo próximo que já partiu. Mas em sua memória “cultuamos”, em nossos corações, lembranças vividas de momentos significativos e inesquecíveis.

 A morte é uma experiência que o ser humano vivencia desde que o mundo é mundo. Para uns pode significar liberdade, para outros, o fim. A verdade é que não acostumamos com a ideia, pois ainda somos muito apegados a vida material. Cada cultura tem seus costumes em homenagear os seus entes queridos. Para os cristãos, o dia de finados é uma data de prestar homenagem aos que nos antecederam nesta vida e oferecer orações fervorosas a suas almas com modos de representação religiosa diferentes como para o fenômeno acender vela, oferecer flores, cantar e celebrar. Certas culturas andinas levam comida para o túmulo de seu ente querido; algumas asiáticas cultuam uma planta próximo ao jazigo; outras fazem rituais de dança. Os antigos egípcios já tinham o costume de cultuar seus mortos em túmulos significando “casa da eternidade”. O que há em comum é que todas têm a crença de que existe vida após a morte e os espíritos necessitam de preces, seja de gratidão ou de perdão.

 Na Grécia Antiga, a morte já era um assunto filosófico. Pitágoras, Sócrates, Platão entre outros pensadores defendiam a imortalidade da alma, e por isso, a busca pela prática das virtudes é vista como única certeza que levaremos conosco para a vida futura após nossa despedida terrena. Alguns definem esse fenômeno como a separação de átomos do corpo, deixando a alma livre, conforme Epicuro (341 a..C – 271 a. C). Cícero (I a. C) e Sêneca (65 d. C), influenciados pelos seus antecessores tratam da passagem da velhice e da brevidade da vida reafirmando a importância de uma conduta ética. Arthur Schopenhauer, (1768-1860) resgatará o assunto ao escrever em sua obra Da morte que o ser humano é o único dentre os animais ter consciência de sua finitude terrena.

Independente da simbologia que utilizarmos para homenagear os nossos antepassados, o Cristianismo nos deu a certeza que a morte não existe, pois Cristo venceu a morte. E ainda disse que “na casa do meu Pai há muitas moradas”. Então, confiemos que um dia todos nós nos encontraremos na eternidade.

Para os que aqui estão neste "vale de lágrimas" tenhamos coragem para continuarmos a vida sempre na esperança, na fé e na prática do bem a caminho da liberdade e da verdade.

Um texto de Henry Scott Holland citado por Santo Agostinho diz:

 “A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. A vida significa tudo o que ela sempre significou. O fio não foi cortado. Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do caminho. Você que aí ficou, siga em frente! A vida continua, linda e bela como sempre foi.”

 Celebremos a vida! Sejamos gratos a nossos antepassados e ofereçamos aos entes queridos nossas melhores intenções.

De volta ao Filosofia em ação. Pensar bem para bem viver

         Axé! Karen! Olá! Desejo a todas e a todos e todes muita saúde.      Infelizmente, durante a pandemia muita/os companheira/os brasil...