quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

O racismo, um drama filosófico (II)

     Racismo no Brasil
    
     Na tese de doutorado de Jair Batista Silva, Racismo e sindicalismo no Brasil: reconhecimento, redistribuição e ação politica das centrais acerca do racismo no Brasil (2002), diferentemente dos Estados Unidos e países anglo saxônicos, o racismo no Brasil é sutil, camuflado.
     Na América do Norte "uma gota de sangue negro era mais que suficiente para macular a suposta pureza racial dos brancos", havia uma segregação social, e ainda, há. A mancha mongólica, como é conhecida, que aparece na região inferior da coluna é o diagnóstico científico de toda criança com cruzamento de gens de etnias ou negra ou asiática ou indígena, e que só some (em alguns casos) após os dois ou três anos de idade. Por isso, ao nascer, a equipe médica já classifica a origem do bebê.
     No Brasil, a eficácia do racismo nutrira-se de uma "democracia racial", tornando a tensão racial inexistente sempre das formas mais maleáveis, mais flexíveis para atingir suas vítimas. Contudo, observando a sociedade brasileira percebemos ainda o quanto o racismo está presente, como os exemplos citados na introdução (na primeira parte deste texto).
     Indicadores da desigualdade racial do IBGE de 2013 revela que 11,8% da população parda ou preta (negra) é analfabeta comparando com a branca que é de 5,3%; serviços domésticos são 10,2% contrapondo 5,3% de não negros, sendo que a proporção de rendimento hora dos ocupados negros é de 6,83% para 10,69% para não negros, sendo os maiores desempregados, a comunidade afro-brasileira, como é o caso de Salvador com 18% de negros contra 13% não negros (DIEESE/SEADE. A inserção dos negros nos mercados de trabalho metropolitanos, 2013).
     Devido a população afrodescendente ter uma sequela histórica pós-abolição da escravatura aqui no Brasil, Jair B. Silva propõe amplas políticas públicas para o Estado assegurar o direito do negro ser reconhecido socialmente.
Cartaz da diversidade étnica no Brasil.
EE. João R. Fernandes. Nov. 2016

     Leis e medidas

     No Brasil, a cultura afro-brasileira tem sido reconhecida e valorizada pela Constituição Federal desde 1988, sendo estabelecido pelo Artigo 5º, incisos LXII e LXIII, crime toda discriminação. O resgate da cultura afro-brasileira tem, também, o artigo 68 do Ato das Disposições constitucionais transitórias e os artigos 215 e 216 da mesma Constituição, sendo a prescrição dos direitos e deveres do Estado brasileiro com o Decreto nº 4.887/03, que vem confirmar tal artigo, regulamentando seus princípios e os procedimentos administrativos e as etapas que o efetivam como direito positivo sob a gestão do Estado.
     Pela Lei Nº 10.639/03 estabeleceu-se a valorização do patrimônio histórico-cultural dos afro-brasileiros, principalmente, pela educação escolar, buscando superar os preconceitos nos livros didáticos. O mesmo ficou foi prescrito pela Lei Nº 11.645/08 em relação as culturas indígenas no Brasil.

     Quilombos no Brasil, resistência cultural
    
     Embora haja polêmicas quanto a homologação das terras de quilombos até hoje no Congresso e no Supremo Tribunal Federal, houve seis avanços após a aprovação do Decreto acima citado, a saber: 1) o reconhecimento da diversidade populacional brasileira; 2) a valorização de saberes tradicionais; 3) a proteção da dimensão cultural da territorialidade; 4) a visibilidade de diferentes dimensões históricas; 5) a consolidação de um marco legal; e 6) as contribuições ao exercício dos direitos sociais e da cidadania. Portanto, "o quilombo é patrimônio cultural" como afirmação de Ilka Leite (2005); "é constituído por diversas referências e práticas culturais que os quilombolas consideram como sendo de suas comunidades."
     Exemplos de tradições e celebrações quilombolas: Festival de Beiju (ES), o Baile dos Congos (conhecido como Ticumbi - ES), Quicumbi (RGS), comunidade dos Arturos (MG), Irmandade do Rosário e o Terreiro Portão do Gelo (PE), confecção da boneca Abayomi (símbolo de resistência, tradição e poder feminino).

Modelos de bonecas Abayomi, que eram
feitas pelas mães africanas para suas crianças.
EE João R. Fernandes, nov 2016.
     Considerações

     O Brasil sendo o segundo país do mundo em etnia negra, afrodescendente (seja conhecido como mulato(a), moreno(a), pardo(a), cafuso(a), cabloco(a), preto(a), precisa ainda combater o racismo, o etnocentrismo, o preconceito com a cor do outro, pois todos somos iguais perante a lei e abaixo do Criador. Somo todos seres humanos, o que não justifica a onda de violência e discriminação em nosso país. Como dizia Martin Luther King: "o que incomoda não e a violência de poucos, mas o silêncio de muitos." Por isso, vamos pensar em ações que afirmem nossa humanidade, começando com o respeito às diferenças.

O racismo, um drama filosófico (I)

     Esta comunicação foi apresentada no Café filosófico na EE. João Rodrigues Fernandes, no município de Auriflama-SP, em 17 de novembro, coordenado pelo Prof. Ricardo Pires da Costa com o projeto cujo tema foi "# Qual a cor do seu preconceito?" para alunos da terceira série do ensino médio, durante o evento sobre a consciência étnico-racial, que, agora, compartilho com todos.
Café filosófico na EE João Rodrigues Fernandes
em Auriflama-SP, 17/11/2016 com os profs.
Alexandre, Ricardo, Terezinha e convidado.


     Introdução
     Há algum tempo temos ouvido notícias que jogadores foram ofendidos durante partida de futebol por torcedores do time adversário; jovens adolescentes de periferia eram mal vistos por fazerem um "rolezinho" num shopping; jornalista de uma determinada emissora foi insultada por causa de sua cor, como aconteceu com a filha adotiva dos atores Bruno Gagliasso e Giovana Ewbank, bem como uma discussão na praia do Recreio, no Rio de Janeiro com uma turista, num país como o nosso que se dizia não ter racismo.
     Mas, o que é racismo? De onde surgiu tal preconceito?
     Racismo gera etnocentrismo que causa o xenofobismo, que por sua vez cria violência provocando um drama na convivência social.
     A origem do racismo é incerta, mas na cultura ocidental, enquanto na Grécia defendia a cidadania só entre os proprietários nascidos em Atenas, os escravos e os estrangeiros eram considerados inferiores. Na Idade Média, não havia tanto uma relação racista, mas sim, xenofóbica. Com as conquistas territoriais dos portugueses na África, no século XV e, nas Américas, no século XVI, alguns ideologistas, principalmente no Renascimento, começaram a tentar explicar o porquê do domínio europeu sobre outros povos. Na Península Ibérica, Portugal não via os índios como pessoas, questionavam até, se tinham alma; porém, eram brandos em seus costumes, chegando a casarem com as índias no intuito de embranquecer o povo brasileiro. No entanto, se compararmos com os espanhóis, historicamente, o tratamento com os nativos pressupõe o surgimento às primeiras concepções racistas ou raízes da xenofobia.
     Alguns autores como: Joseph Artur de Gobineau, Herbert Spencer, Francis Galton, Adolfo Hitler defenderam a não mistura de raça ou o extermínio dos "menos fortes", sem falar de Aristóteles que em sua obra A Política, considerava o escravo como um ser não-livre, sem razão.
    
     Conceito de raça e etnia
     Segundo Otávio Ianni, a racialização do mundo emerge e desenvolve 'no jogo das forças sociais, compreendendo implicações econômicas, políticas e culturais' (IANNI, 1996), tanto nas guerras mundiais, como na guerra fria, causando intolerâncias, preconceitos, etnicismos ou os racismos.
     Após a UNESCO reunir cientistas e pensadores de vários países surgiram declarações das décadas de 1950 e 1960 sintetizando a preocupação com as tensões raciais (etnocêntrica, xenofóbica) em escala local, regional, nacional e internacional.
     Lévi-Strauss criticou o determinismo biológico e combateu a ideia de raça como falsa, pois "raça" é um termo da Biologia que significa "grupos de indivíduos distintos no interior de uma espécie". Hoje, com o desenvolvimento da Genética sabe-se que 85% da população mundial compartilham da mesma diversidade genética. (Conf. BARBUJANI, 2007). "Raça" é construída socialmente no jogo das relações sociais. O que existe entre os grupos são "Etnias", que é o conceito científico habitualmente utilizado para distinguir os indivíduos ou as coletividades por suas características fenotípicas." (IANNI, 1996).
     Portanto, "raça é uma categoria de pessoas cujas marcas físicas consideradas socialmente são significativas. Um grupo étnico é composto de pessoas cujas marcas culturais percebidas são consideradas significativas socialmente"... (língua, costumes, religião, ancestralidade). (BRYM, R; LIE, J. 2008).
    Michel Foucault trata o assunto com relação ao biopoder. (Essa parte foi desenvolvida pelo Prof. Alexandre, da EE. Dom Arthur, de Jales).

     Sobre o racismo no Brasil ...

Redação sobre o esporte, a educação e a inclusão

     Neste ano de 2016, entre tantos eventos ocorridos no Brasil, as Olimpíadas (em agosto) e as Paralimpíadas (em setembro), na cidade do Rio de Janeiro, foram um sucesso. Quanta demonstração de superação de nossos atletas! Todos estão de parabéns pelas medalhas recebidas e empenho demonstrado, mesmo que não tenha recebido o medalhão. Cada esporte foi um show a parte. Sem falar que tanto a abertura quanto o encerramento deixou o mundo maravilhado, o que permitiu "plantar" a ideia de que esporte e meio ambiente podem andar juntos.

     Antecedendo o evento, o Senado brasileiro havia aberto um concurso de redação, que acontece todos os anos para os alunos das escolas públicas do país. A aluna Gabriela Taynara Andrade da Silva, da terceira série A, da Escola Estadual Orestes Ferreira de Toledo, situado em Palmeira dp Oeste-SP, dentre tantos alunos do ensino médio, foi selecionada para enviar seu texto para a Secretaria de Educação do estado de São Paulo e concorrer com tantos outros alunos em Brasília. Embora não tenha sido completada entre os vinte e sete alunos brasileiros fica aqui registrado sua produção, demonstrando seu esforço na competência leitora e habilidade escritora desenvolvidas ao longo do seu curso do ensino médio, que foi bem acompanhada pela professora de português Isabel Cristina, da mesma unidade escolar.

     " Esporte: superação e vitória


     A teoria da interação mente-corpo proposta pelo filósofo René Descartes mostra que ambos interagem em um único ponto localizado no cérebro. De acordo com esse pensamento o esporte aprimora tanto o físico quanto o intelecto, sendo um meio de transformação e superação na vida de muitas pessoas.
     Há quem diz [diga] que a origem dos esportes data desde a era dos povos primitivos, pois para sobreviverem precisavam correr, pular, saltar, nadar entre outras atividades. No decorrer da história as civilizações buscaram[,] no esporte[,] uma forma de manter o corpo e a mente saudáveis, entretenimento, além de formação ética através da consciência de direitos e deveres com disciplina e determinação.
     [...] o esporte é uma importante arma social que contribui para o equilíbrio emocional desenvolvendo a autoestima e autoconfiança. Ademais, visa aproximar os povos eliminando as barreiras geográficas e étnicas numa confraternização mundial como acontece a cada quatro anos com a realização das Olimpíadas.
     Vale ainda lembrar que atividades esportivas são fortes aliadas na inclusão social, que encaminha para os princípios da honestidade, do respeito, livrando crianças e jovens dos vícios, criminalidade e pobreza. desse modo, a prática esportiva elimina todas as barreiras e supera expectativas, sendo um poderoso instrumento de educação para a cidadania.
      Portanto é necessário investir na evolução do desporto nas escolas, nos bairros e em todos os lugares. É imprescindível assim, aliar os esportes à rotina e permitir que crianças, jovens, adultos e idosos se sintam participantes da sociedade e desenvolvam habilidades fundamentais para o desenvolvimento físico, psicológico e educacional através de projetos, campanhas que visem o reconhecimento do esporte como canal de socialização positiva e inclusão social.

Parabéns, Gabriela pela iniciativa em participar. É escrevendo que vai aprendendo a aprimorar suas ideias. Sucesso em sua vida.

De volta ao Filosofia em ação. Pensar bem para bem viver

         Axé! Karen! Olá! Desejo a todas e a todos e todes muita saúde.      Infelizmente, durante a pandemia muita/os companheira/os brasil...