segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Arte, manifestação humana

Replica do Centauro, no Museu Nacional de Arte,
Rio de Janeiro, julho 2017.
     Quem surgiu primeiro: a arte ou o artista? Esta pergunta faz parte de uma reflexão de Martin Heidegger em que discorre sobre este fenômeno humano presente ao longo da História.
     Desde a Filosofia grega, a arte era vista como uma "cópia" imperfeita do mundo da Ideia, pois tentavam representar figuras divinas ou da mitologia e, por isso, foi menosprezada pelos filósofos clássicos.
     Contudo, no período do Renascimento, a arte foi vista como uma forma de manifestação não só religiosa, mas também política, refletindo em seus traços questões da conjuntura de época, o que fez surgir o estudo sobre estética, em Filosofia.

     Muitos filósofos como Hegel, Ernest Cassirer e outros passaram a analisar as manifestações artísticas como fenômeno humano presente em toda cultura. Porém, o filósofo alemão Nietzsche, em fins já do século XIX, irá estudar a arte presente na mitologia grega de forma magistral, observando dois aspectos muito comum aos seres humanos.


   A partir de duas figuras divinas da mitologia grega, Nietzsche observou que o aspecto vital e o aspecto da racionalidade humana faziam-se humanas.
Réplica da escultura do deus Dionísio, no
Museu Nacional de Arte, no Rio de Janeiro, em
julho 2017.


   O deus Dionísio, por exemplo, conhecido como o deus do vinho, representa o lado da natureza instintiva e das paixões do ser humano.

   Esse mesmo deus, Dionísio, é representado na cultura romana pelo deus Baco, também considerado uma figura que busca os prazeres mundanos.
     Ao analisar a figura do deus grego Apolo, considerado o deu do sol, da luz, Nietzsche observa o aspecto racional, do esclarecimento, presente na figura cultuada pelos sacerdotes e sacerdotisas de época.

Escultura do deus grego Apolo. Réplica exposta
no Museu Nacional de Arte, no Rio de Janeiro.
      A partir desses aspectos, o filósofo alemão Nietzsche classificou as artes de duas maneiras. A arte que representa o aspecto vital, instintivo, de paixões do ser humano denominou de "dionisíaco". A arte que predomina a reflexão, leveza, equilíbrio, racionalidade denominou de "apolíneo".
   
    
     Com a Semana de Arte Moderna, em 1922, no Brasil, os artistas procuraram manifestar os problemas sociais que ocorriam na sociedade brasileira, despertando, assim, uma consciência nacional sobre a realidade do país.

    Na arte contemporânea, os dramas dos traços artísticos tanto nas pinturas quanto nas esculturas nos levam a refletir sobre o interior do ser humano, suas angústias, como a depressão.


   
  Portanto, tanto um ou outro aspecto - dionisíaco e apolíneo - demonstra o "grito de liberdade do ser humano", que busca de modo consciente ou inconsciente encontrar respostas para suas angústias existenciais. Daí, a arte ser manifestação humana, que deve ser apreciada de um modo crítico e não reprimida por questões alheia a ela.

"A depressão", escultura do Museu Nacional de Arte,
no Rio de Janeiro, julho 2017.

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